Maceió engarrafada: bicicletas viram escape para o caos do trânsito
- noticiasmare
- 24 de fev.
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Crescimento acelerado do número de carros faz moradores recorrerem às bikes para ganhar tempo
Por Alanne Muritiba

Alagoas se destaca como o segundo estado brasileiro com o maior crescimento no número de veículos, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) de janeiro de 2025. Atualmente, o estado possui uma frota de 1.095.144 veículos, um aumento de 78% em relação há uma década. Na capital, Maceió, circulam 408.561 veículos, refletindo o impacto direto desse crescimento no trânsito e na rotina dos cidadãos, que enfrentam novos desafios em seus deslocamentos diários.
Com uma média de 25 novos automóveis nas ruas de Maceió a cada dia, o aumento do tráfego tem levado muitos motoristas a buscar alternativas, como o uso de bicicletas, para evitar congestionamentos. Embora a infraestrutura cicloviária da cidade ainda apresente lacunas, é possível realizar trajetos curtos ou longos, dependendo das necessidades dos ciclistas, contribuindo para um fluxo mais eficiente no trânsito.
Juliana Agra, ciclista há 15 anos, começou a usar a bicicleta como meio de transporte para economizar nas passagens de ônibus e logo percebeu que poderia reduzir significativamente o tempo de deslocamento. Ela avalia as ciclofaixas da cidade como razoavelmente boas, mas aponta um problema crucial: a falta de interligação entre elas.
“O maior desafio está na conectividade das ciclovias. Na UFAL, por exemplo, as ciclofaixas nas calçadas exigem que os ciclistas desçam e subam entre as faixas. Na Fernandes Lima, não há ligação com a parte baixa da cidade, e quando a avenida termina, o ciclista fica sem opção para chegar à orla ou ao centro. Não adianta ter ciclofaixas se elas não estão interligadas”, explica Juliana.
O Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito estabelece diretrizes para a construção de ciclovias em áreas urbanas, definindo traçados, larguras e sinalizações que garantam a segurança dos ciclistas. A segurança dos que pedalam está intimamente ligada à dos motoristas, sendo essencial que todos os usuários da via exerçam prudência para evitar acidentes. Em ruas sem infraestrutura cicloviária, onde a velocidade permitida é baixa, é possível que bicicletas trafeguem entre 10 e 20 km/h, enquanto os carros circulam entre 30 e 40 km/h, facilitando a convivência entre os veículos.
Juliana alerta que a situação se torna crítica em vias onde os carros atingem velocidades de 60 a 70 km/h sem infraestrutura adequada. “A partir de 60 km/h, a chance de morte em um atropelamento é de 90%. A [avenida] Menino Marcelo, por exemplo, é uma via perigosa, com alto fluxo de carros e sem estrutura para ciclistas. É fundamental ter atenção especial em ladeiras, que são pontos críticos. Atualmente, a única ladeira com infraestrutura adequada é a Geraldo Melo. Muitas pessoas desistem de usar a bicicleta por medo de serem atropeladas”, ressalta.
Além da necessidade de uma infraestrutura adequada e manutenção das ciclovias, o respeito mútuo no trânsito é fundamental. Os ciclistas têm o direito de circular não apenas nas ciclofaixas, mas também nas vias comuns, e os motoristas devem manter uma distância mínima de 1,5 metros ao ultrapassá-los. A prudência deve ser uma prioridade para todos que compartilham as ruas, promovendo um ambiente mais seguro e harmonioso para todos os usuários da via.



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